EXTRAÇÃO DE NUTRIENTES PELA PLANTA
Existe grande variação na literatura entre os valores médios de extração de macronutrientes para a produção de 1 tonelada de grãos, principalmente de K, o que pode ser devido às diferenças na época de amostragem, genótipos e solo.
Considerando uma produtividade média de 10 t /ha e os valores do quadro 1, tem-se uma extração de 242, 35, 190 e 22 k/ha de N, P, K e S, respectivamente). Isso corresponde a 80 kg/ha de P2O5 e 229 kg/ha de K2O.
Durante a fase reprodutiva ocorre considerável remobilização de fotoassimilados e nutrientes dos órgãos vegetativos acumulados antes do florescimento para prover o desenvolvimento dos grãos, com destaque para o nitrogênio e o fósforo. Mas a absorção do solo e o acúmulo dos nutrientes na planta continua no estádio reprodutivo.
Mais da metade da quantidade total de N, P e Zn acumulados na matéria seca da parte aérea das plantas de milho encontram-se nos grãos (Tabela 1). Já o cálcio encontra-se em concentração muito baixa nos grãos.
Tabela 1. Extração e exportação de macro e micronutrientes pela parte aérea do milho, em estádio de máximo acúmulo ou no final do ciclo da cultura
(1) Valores médios de extração adaptados de vários trabalhos desenvolvidos no Brasil
(2) Exportação igual aos valores médios encontrados por Duarte et al. (2019) em 197 amostras.
CONCENTRAÇÃO E EXPORTAÇÃO DE NUTRIENTES NOS GRÃOS
Os valores das concentrações de nutrientes nos grãos utilizados como referência retratam a realidade da maioria das lavouras em determinado período, pois a evolução do manejo e das cultivares é continua.
Esses valores foram atualizados por Duarte et al. (2029), considerando que nas últimas três décadas houve grande aumento da produtividade, lançamento de centenas de cultivares, diferenciação dos sistemas produtivos, especialmente com a introdução da safrinha e a ampla adoção do sistema plantio direto, e evolução do manejo cultural (por exemplo, o adensamento populacional).
A ordem das concentrações de nutrientes nos grãos foi a seguinte: N > K > P > Mg > S, em g/kg, e Ca > Zn > Fe > Mn > B > Cu, em mg/kg.
Organizaram-se os valores individuais de cada nutriente em faixas de mínimo e máximo (Tabela 2). A diferença relativa entre as faixas de mínimo e máximo é muito ampla para Ca e B, dez e seis vezes, respectivamente, devido suas baixas concentrações nos grãos. Para N, P, K, Mg, S e Zn, do qual fazem parte os mais exportados pela cultura, a faixa de valores máximos foi aproximadamente o dobro da mínima.
Tabela 2. Média geral e subdividida em safra de verão e safrinha, intervalos de valores mínimos e máximos e proposição de valores de referência (Duarte et al., 2018)
Levando-se em consideração os valores médios (o maior entre safra e safrinha) e, no caso do P e K, que são muito críticos para o cálculo da adubação do milho, os valores máximos em 90% das lavouras, sugere-se utilizar no Brasil os seguintes valores de referência: N = 14,0; P = 2,6; K = 3,7; Ca = 0,1; Mg = 1,1; S = 1,0 (g/kg); Fe = 15; Mn = 5; Cu = 2,0; Zn = 18; B = 5 (mg/kg). Mesmo com as diferenças entre ambientes (fertilidade do solo, adubação e outras práticas de manejo) e cultivares, serão pouquíssimos os casos que a exportação será superior a esta referência em condições de campo. Valores de referência atualizados foram divulgados na última versão do Boletim 100 do IAC (Duarte et al., 2023), levando-se em consideração os valores médios das lavouras, ou seja, um pouco inferiores aos propostos acima.
Os valores das concentrações dos nutrientes nos grãos são utilizados para calcular as exportações de nutrientes pela cultura, logo, a necessidade de reposições pela adubação. Porém, a grande variabilidade dos resultados entre ambientes e cultivares, especialmente para N e Fe, dificulta a estimativa da exportação dos nutrientes a partir dos valores médios obtidos na literatura. Mesmo assim, pode ser mais prático utilizá-los do que proceder análises periódicas dos grãos na propriedade, principalmente porque existem muito poucos laboratórios preparados para analises de nutrientes em grãos de milho. Os laboratórios analisam rotineiramente amostras de folhas, as quais são mais simples de moer e apresentam concentrações de nutrientes muito maior do que as dos grãos de milho.
As exportações são proporcionais a produtividade de grãos por área, em outras palavras, quanto mais grãos são produzidos mais nutrientes são exportados (Figuras 1a, 1b e 1c). Pode ocorrer, especialmente no milho verão, onde os tetos produtivos são maiores, redução na concentração de N, S e Cu nos grãos com o aumento da produtividade. Logo, menor exportação de nutrientes por unidade de grãos em altas produtividades
Figura 1. Exportação de nitrogênio, fósforo e potássio nos grãos de milho, expressos em kg/ha de N, P2O5 e K2O, respetivamente, em função da produtividade de grãos. Fonte: Duarte et al. (2019)
Referências bibliográficas
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