O milho pipoca é da mesma espécie do milho comum, sendo apenas um tipo especial de milho, caracterizado por ter grão pequenos, duros, com capacidade de estourar quando submetidos a temperatura em torno de 180 graus centigrados Para fins de registro no MA, o milho pipoca é considerado uma subespécie do Zea mays, com o nome de Zea mays L. var. everta (Sturtev) L.H. Bailey.
Partindo do principio que todo o grão de amido quanto submetido a alta pressão, tem a capacidade de se expandir com a liberação repentina da pressão, e que os grãos do milho pipoca e do milho comum tem o mesmo tipo de amido, ambos teoricamente tem a capacidade de estourar virando pipoca, quando submetidos a alta temperatura (180 graus). Acontece que no milho comum apenas alguns grãos estouram enquanto que no milho pipoca a maioria estoura. Isso mostra que através de seleção realizadas no passado, houve diferenciação do milho pipoca em relação ao milho comum, para um grão menor, com maior concentração de amido no endosperma e pericarpo mais resistente, suportando alta pressão. Entretanto, os grãos de milho estouram muito bem quanto submetidos a alta pressão dentro de panelas tipo canhão para produção de pipoca de milho. Para produção de pipoca de milho se utilizam de grãos canjicados (degerminados e sem pericarpo).
Outra característica importante nos grãos do milho pipoca, é que o endosperma deve apresentar um interior branco e mole, circundado por uma porção vítrea dura com alta concentração de grânulos de amido. Essa pequena porção branca do endosperma apresenta espaços vazios entre os grânulos de amido, é onde fica a maior parte da água dos grãos. Os grãos de milho pipoca para estourarem bem precisam ter de 13% a 14% de água. No aquecimento do grão, essa água se transforma em vapor elevando pressão do grão até o ponto de estouro do mesmo. Grãos com excesso de água ou muito secos, não estouram bem, produzem um estouro mais fraco, dando uma flor de pipoca menor.
Sobre a demanda e produção de milho pipoca no Brasil, não existem dados oficiais. Existem apenas dados levantados pela mídia através de entrevista com produtores e diretores de sindicatos rurais, ou publicados no Anuário Brasileiro do Milho ou em revistas.
A decisão de plantar milho ou milho pipoca, depende da relação de preços entre os dois tipos de grãos. Devido a alta do preço do milho e do aumento da sua produtividade, só é vantagem o plantio do milho pipoca se a relação de preço do pipoca/milho for cerca de 2,5 e se o produtor tiver acesso a sementes de híbridos de alta produtividade e qualidade da pipoca.
CULTIVARES MILHO PIPOCA
O IAC 125, IAC 367, IAC 268 e IAC 98, são indicados para plantio no Estado de São Paulo, em todas as regiões aptas para a cultura do milho, tendo melhor adaptação nas regiões de maior altitude e de clima mais ameno, apresentando em condições normais, boa resistência às principais doenças do milho. Estes cultivares estão disponíveis para parcerias para produção de sementes com empresas privadas.
ESPAÇAMENTO E DENSIDADE DE SEMEADURA:
Pode ser utilizado o espaçamento de 45 a 70 cm entrelinhas. A densidade de semeadura depende do espaçamento entre linhas e da população de plantas recomendada. População de plantas de 70 a 80 mil/ha podem ser usadas em área irrigadas e de boa fertilidade, e menores, de 50 a 60 mil plantas/ha, em área de sequeiro e semeaduras de safrinha. O aumento do estande aumenta a altura da planta e diminui o diâmetro do colmo, e aumenta a suscetibilidade ao acamamento.
Devido ao menor tamanho dos grãos do milho pipoca, deve-se tomar maiores cuidados no plantio, quanto à regulagem da densidade de sementes por metro linear e à profundidade de semeadura. Uso de sementes com alto vigor, bom preparo do solo, tratamento de sementes com fungicida e inseticida sistêmico para controle de pragas iniciais de solo e parte aérea, e a semeadura em condições adequadas de umidade do solo contribuem para obtenção do estande planejado.
Os cultivares de milho pipoca dependendo da cultivar tem grande variação no peso de grãos variando a massa de 100 grãos de 13 a 19 gramas, onde o para uma população de 60.000 mil.ha-1 a necessidade de sementes correspondente é de 7,8 a 11,4 kg.ha-1. Para uma população de 80 mil plantas, a necessidade de sementes seria de 10,4 a 15,2 kg.ha-1.
COLHEITA
O milho-pipoca é de ciclo super-precoce, atingindo a maturação fisiológica em aproximadamente 100 a 110 dias após a semeadura (início de secamento da palha da espiga). A partir desse período, deve-se monitorar a umidade dos grãos para determinação do ponto de colheita, realizada quando os grãos estiverem com menos de 18% de umidade. A colheita mecânica deve ser feita preferencialmente com colhetadeiras tipo axial, utilizando velocidade e regulagem que proporcionem menor dano aos grãos (velocidade e rotação mínima da colhetadeira). Mesmos que os grãos não apresentem danos visíveis, a colheita mecânica pode causar perda de na capacidade de expansão de até 15% variando com o cultivar, umidade de colheita e colhetadeira.
SECAGEM E BENEFICIAMENTO
Processos de secagem rápida com altas temperaturas causam trincamento do endosperma, depreciando sua qualidade e capacidade de expansão da pipoca. Recomenda-se processos de secagem lenta, utilizando baixa temperatura (< 35oC). Em locais de baixa umidade relativa, pode ser utilizados processos que envolvam apenas ventilação sem fonte de calor. Os grãos colhidos com umidade menor que 15% podem ser armazenados em silos aerados até atingir a umidade de 14% (método universal); depois, armazená-los à sombra em local bem ventilado até chegar a umidade que proporciona o máximo de qualidade da pipoca – valor entre 13% a 14% – dependendo do cultivar.
Os grãos armazenados em condições de baixa umidade relativa podem perder umidade e consequentemente perderam qualidade (menor expansão da pipoca). Para recuperar a qualidade da pipoca os grãos devem ser reidratados, em câmaras úmidas (100% de umidade relativa do ar) por curtos períodos (5 dias) ou armazenados em ambientes com controle de temperatura e umidade relativa. Para obter grãos com 13 a 14% de umidade, pode utilizar ambientes com 80% de umidade relativa do ar e 20oC de temperatura.
Para comercialização, fundamental que o produto tenha boa aparência e alta capacidade de expansão. A qualidade visual é dada pela limpeza e brilho dos grãos, ausência de grãos danificados mecanicamente ou por fungos e impurezas, e uniformidade de tamanho, aspectos que também contribuem para aumentar a capacidade de expansão.
Para que o estouro dos grãos de milho pipoca sejam uniformes, produzindo pipoca maiores e com menos piruás (grãos sem estourar ou parcialmente estourados) , é importante a uniformidade dos grãos e da umidade, a sanidade dos grãos, que deve estar livre de danos mecânicos ou ataque de fungos no pericarpo (casca) dos grãos, e do cultivar, que deve ter alta capacidade expansão dos grãos. Um pouco de água nos grãos (13 a 14%) é fundamente para um estouro mais forte da pipoca produzindo uma flor maior e macia. A embalagem dos grãos do milho pipoca comercializado em saquinhos devem evitar perda de umidade dos grãos e entrada de insetos.